segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Mães que trabalham X Filhos que não podem frequentar a escola

Você acaba de descobrir que está grávida. Em meio a notícia da chegada do novo ser que habita seu corpo, estão também inúmeras questões a respeito de como vai passar a ser sua vida. Mudanças corporais, o espaço do bebê dentro da casa, seus novos hábitos a serem adotados desde a gestação. Para inúmeras mulheres, que hoje exercem atividades laborais fora de casa, a pergunta que mais toma nossos pensamentos é relacionada a rotina de trabalho versus maternidade.
Quando respondemos a pergunta "E aí, você vai parar de trabalhar"?, a resposta geralmente é NÃO. Respondemos basicamente por dois motivos:

  • Amo meu trabalho, não existe razão para deixar de fazer o que gosto. Meu filho precisa ver que a mãe dele faz algo que pode ajudar o mundo a ser melhor.
  • Preciso de dinheiro. Talvez seja o motivo mais forte para não parar. E realmente, quando se tem um bebê, você precisa mais ainda de grana. Não só por motivos materiais, mas por questões básicas relacionados ao bebê: fraldas, remédios, médicos, leite e acredite, muitas e muitas coisas.

Ok. Se você respondeu qualquer uma das opções, vai passar para a resposta da segunda questão:

'Com quem seu filho vai ficar"? E as possibilidades podem ser basicamente uma das três:

  • AVÓS - Se você tem avós presentes e disponíveis, provavelmente deixará seus filhos com elas. São pessoas que amam você e vão adorar passar um tempo com seus netos. Assim, você acaba conseguindo trabalhar tranquila, sabendo que deixou seu bebê em ótimas mãos. Economiza um bom dinheiro e acima de tudo, seus filhos vão ganhando mais tempo para fortalecer sua imunidade.
  • BABÁS - são uma opção para quem tem condições financeiras para arcar com os custos de uma boa profissional para cuidar do seu bem maior. Talvez você não acerte de primeira e tenha que testar algumas cuidadoras até encontrar aquela que entra na mesma sintonia que a sua. Lembre, que no caso de uma babá,é sempre bom ter um plano B. Ela pode vir a faltar e aí você corre o risco de ficar na mão. 
  • CRECHE OU ESCOLA - a opção mais utilizada por grande parte das mães que trabalham. Geralmente as creches são públicas e isso possibilita a mulher que não possui altos salários a continuar suas atividades. Os centros de educação infantil, ditas escolinhas, são geralmente  de caráter particular. Existem escolas para todos os bolsos. A gente tende a pensar que quanto mais caro, melhor a qualidade de ensino. Isso não é uma regra. As maiores mensalidades tendem a oferecer uma gama maior de opções de atividades para seu filho. (O que nem sempre é preciso - falo dessas particularidades em post futuro).

Após pesquisar vários estabelecimentos escolares, os pais finalmente optam por aquele que acham mais adequado para sua realidade e para a criança. Um momento extremamente importante.
Seu bebê começa a frequentar a escola e alguns dias depois aparece com febre em casa. Na semana seguinte, febre novamente. Problemas respiratórios, urticárias pelo corpo, resfriados. Meus Deus, você não sai mais do Pronto Atendimento. Se comunica várias vezes com seu pediatra. Vai em vários profissionais e nada do seu bebê melhorar. Até que vem a indicação médica: "SEU FILHO NÃO PODE IR PARA ESCOLA." Na primeira vez você ouve e ignora. Afinal, quem é que vai pagar suas contas? Como é que eu vou parar de trabalhar? Ficar em casa cuidando de um bebê? 
Na busca por um outro diagnóstico, acaba batendo a porta de outro pediatra. E mais uma vez a indicação taxativa " SEU BEBÊ NÃO PODE IR PARA A ESCOLA" 

E agora?

Se você possui a opção de deixar com um familiar, está salvo. Se tem condições para contratar uma profissional, se sentirá aliviada.  Se sua única possibilidade de trabalhar era a escola, e já tentou algumas vezes com que seu pequeno se adaptasse a rotina, e ele sempre teve problemas de saúde, sua opção é realmente parar de trabalhar fora de casa.

Vários estudos comprovam que o ideal é que o bebê fique aos cuidados da mãe até pelo menos 1 ano de idade. O ideal seriam até os 24 meses. Infelizmente, por questões sócio econômicas isso é muito raro. Existe ainda uma crítica muito forte contra mães que optam em largar o trabalho para se dedicar exclusivamente ao cuidado dos filhos, nesse período da primeira infância.  Muitas vezes falta apoio do companheiro em entender que os trabalhos domésticos e maternos são fundamentais para o desenvolvimento saudável das crianças e de uma sociedade mais igualitária e menos violenta.
Existe também, o preconceito da própria mulher em aceitar seu novo papel. Ela precisa entender que naquele instante a saúde do pequeno é mais importante que os próprios desejos pessoais. Em alguns casos, ela vai poder se organizar e trabalhar de casa ou mudar totalmente de ramo, visando unir trabalho e cuidados com os filhos.

Nós, somos pais que não temos como contar com familiares e não estamos na condição social de ter uma babá (confesso que tenho certo receio de colocar alguém dentro da minha casa cuidando dos meus filhos). Nossos dois filhos, em determinado momento receberam a indicação médica veemente: 'não podem frequentar a escola até determinada idade". 

EXPERIÊNCIA NA ESCOLA

Minha filha era APLV. Foi para escola com 10 meses. Em um mês, ela teve de tudo. De um resfriado, roséola, sinusite, foi constantemente exposta a traços de leite e acabou dando entrada na UTI com meningite bacteriana pneumocócica e septicemia. Óbvio que ela não pode frequentar a escola por um longo tempo. A recomendação era de até os 3 anos. Como servidora pública consegui uma licença para tratar de assuntos particulares sem remuneração de 1 ano. Esse tempo em casa, ela ficou doente apenas duas vezes.

No caso do segundo bebê, as coisas foram bem complicadas também. Ele possui APLV, alergia a ovo, soja, amendoim e alguns medicamentos. Frequentou alguns dias o ambiente escolar e começaram as inúmeras idas a emergências. Teve várias crises de asma, diarréias, reações alérgicas e muitas viroses. Foram meses em que eu praticamente não trabalhei. Ele foi proibido de ir pra escola. Resultado: acabei requerendo outra licença não remunerada de 1 ano. Para nossa surpresa, eles concederam apenas 3 meses. Resolveu meu problema temporariamente. Mas fica já a dúvida e a angustia, de como fazer depois disso?

O pediatra Dr. José Martins filho, fala muito bem da necessidade da mãe ficar mais tempo com seu bebê.  Deixo o vídeo dele abaixo.



terça-feira, 25 de agosto de 2015

Meu filho é APLV e agora?

Toda mãe deseja que seu filho seja perfeitamente saudável. Que vocês dois se entendam na amamentação, nos horários de sono e que você possa apenas aproveitar aquela carinha linda que acaba de chegar na sua vida.

Mas pra muitas famílias esse conto de fadas é atrapalhado por um processo alérgico muito chato. A alergia à proteína do leite de vaca - APLV. Para as mães de primeira viagem é algo complexo para se descobrir e aceitar. Os sintomas de um APLV são muitos e por isso acabam sendo confundidos com muitas outras coisas.

Meus dois filhos tiveram APLV. Os dois com sintomas totalmente diferentes um do outro.
Na primeira experiência, ninguém havia me alertado que mulher que amamenta tem que ingerir menos produtos com leite e derivados. Tomava leite achando que teria mais leite. Meu leite não aumentou por conta disso. Mas minha bebê teve muitos sintomas de alergia. 
Tudo começou quando ela estava completando 1 mês de vida. 
  • Ela mamava alguns minutos e largava o peito chorando desesperada. Tentava mamar novamente, mas não conseguia e soltava seio aos prantos. E eu junto, é claro..
  • Se jogava para trás;
  • Apresentava muitas manchas na pele, em especial no rosto.
Fomos em muitos pediatras. Cada um com suas teorias. A que mais nos convenceu foi a de que ela tinha REFLUXO. Começamos o tratamento com Motillium e Label. Ela piorou. Chorava mais ainda. Continuamos a insistir com pediatras. Até que um nos falou que poderia ser APLV. 
Nunca tinha pensado que minha filha pudesse ter alergia ao leite, sendo que eu amamentava exclusivamente no peito, Foi aí que chegamos até uma gastro pediatra.
Acho importante mamães que anotem todos os sintomas e comportamentos dos filhos para relatarem tudo ao médico. Fica mais fácil para o profissional  concluir seu diagnóstico. Nós gravamos as reações da nossa bebê e mostramos à médica. Nossa bebê foi diagnosticada com APLV. Foi então que iniciei a dieta de exclusão de vários alimentos.

Importante lembrar que se você amamenta, vai ter que cortar tudo que tenha o alimento que causa alergia ao seu filho. No meu caso exclui  o LEITE, SOJA, AMENDOIM , PEIXES E OVOS.  A dieta de exclusão feita corretamente vai dizer se seu pequeno possui alergia a determinado alimento. Geralmente você corta por 4 a 8 semanas e depois volta a introduzir na sua alimentação para testar se os sintomas vão aparecer novamente no seu bebê. No meu caso, quando cortei o leite, em dois dias minha bebê era outra criança. Dormia e mamava super bem. Quando voltamos a testar os alimentos, fomos introduzindo um a um. Geralmente os médicos orientam você a testar cada um deles por no minimo uma semana. Se seu filho reagir, você deve cortar novamente. No nosso caso, a minha primeira filha apresentou reações de pele quando voltamos com o leite e com o ovo. 

Meu segundo bebê, como eu já estava descolada no assunto, fui logo cortando tudo da minha dieta. Inseri novamente os alimentos e dias depois ele estava apresentando os primeiros sintomas.Cólicas, dores abdominais, falta de sono, choro.. No caso dele as coisas foram piores. Fizemos o teste de desencadeamento oral e nos primeiros dias ele ficou super bem. Depois de um mês, as coisas começaram a ficar bem ruins. Além dos sintomas que já falei, ele teve sérios problemas respiratórios. Nunca melhorava. Tomou vários tipos de bombinhas. Antibióticos. Corticóides. Mudamos o leite para um a fórmula especial, cuja as proteínas não eram totalmente hidrolisadas. Ele não melhorava, só piorando. Passou a acordar 5, 6 7 vezes a noite. Ninguém dormia. Nossa rotina virou um caos. Ele parou de engordar, não ganhava peso, crises de asma constantes. Um médico me alertou sobre refluxo oculto. Fomos pros remédios para isso.  Ele passou a acordar 4 vezes. Depois de 4 meses assim, pedimos vários exames para as médicas entre vários de sangue e endoscopia. 
Uma delas sugeriu trocar a fórmula para uma totalmente hidrolisada. No dia seguinte nosso bebezinho acordou apenas duas vezes. No final do primeira semana com a nova fórmula, havia ganho mais peso do que em 4 meses. A endoscopia dele constatou esofagite causada pela alergia, ou falta de cuidados com ela.

OK. Sua rotina vai ser mais complicada. Vai ter que ler todos os rótulos e além de ter que comprar uma lupa para conseguir entender o que as letras miúdas dizem, vai precisar ligar para todos os SACs para se certificar se realmente o produto é limpo ou possui traços. Quando você não pode comer certo alimento percebe que quase tudo a sua volta é feito justamente daquilo. Algumas vezes vai sentir vontade de largar a amamentação (mas sabendo da importância dela vai desistir), vai acabar cometendo alguns deslizes e comer só um pedaço de bolo ou um pãozinho de queijo - mas não se engane, seu filho pode não ter uma reação imediata e sim tardia aquele alimento e te juro, você certamente se sentira arrependida de ter cedido à tentação.

Enquanto seu bebê só mamar, as coisas serão relativamente fáceis. O problema maior vem quando ele começa a ingerir outro alimentos. Quando vai pra escola, as coisas podem fugir do seu controle. Vou comentar sobre a vida social e escolar de um APLV, OVO, SOJA, AMENDOIM) em um post futuro.

Minha primeira filha melhorou com 1 ano e seis meses. Notamos que ainda hoje, se ela ingerir muito leite de uma só vez, acaba passando mal. Mas de modo geral, ela se adaptou bem ao leite. Nosso pequeno ainda está na luta. E com ele, as coisas ainda são bem complicadas. Vou relatar mais a frente todo o processo que estamos trilhando para superar essa fase.

O que realmente os pais devem ter em mente, é que na maioria dos casos a alergia vai passar. Se cuidar corretamente de toda alimentação de seu filho ele poderá, sim, ter uma vida normal.

Dicas para conviver melhor com a alergia a proteína do leite de vaca - APLV

  • Aceite os sintomas do seu filho sendo reações da alergia e não caia nas críticas de pessoas desinformadas que dizem que tudo isso não passa de frescura;
  • O leite do peito não é leite de vaca. Você, vai poder amamentar seu bebe desde que faça corretamente a dieta de exclusão;
  • Não caia na tentação de fugir da dieta de exclusão. Mesmo algo que só tenha traços de leite, acredite vai fazer mal ao seu bebê;
  • Leia e releia todos os rótulos. As empresas utilizam letras rídiculas de pequenas. Se preciso ande com uma lupa, dicionário para entender tudo o que vai escrito no rótulo;
  • Não deixe que as outras pessoas dêem alimentos para seu filho. Acredite, você vai passar por chata. Vão dizer que tudo isso não passa de frescura, que no tempo da sua bisavó essas coisas não existiam. Melhor passar por mal educada do que ter que ver seu filho passar mal mais tarde;
  • Nas festinhas, leve seus próprios alimentos;
  • Cuidado com o cardápio da escola. Leia tudo. Faça questão de repetir quantas vezes forem necessárias que seu bebê possui APLV. Proíba qualquer alimento que tenha qualquer vestígio de leite e se certifique de que eles não vão contaminar os alimentos do seu filho ao utilizarem mesmo maquinário para todas as crianças;
  • Siga as orientações médicas. Não fique testando leites de cabra ou afins achando que não vão causar nada no seu pequeno. A proteína do leite de vaca e da cabra são muito parecidas e as vezes o organismo da criança entende que é o mesmo e acaba apresentando reações;
  • O governo disponibiliza a fórmula especial para crianças com alergia. Pode não ser um processo muito fácil. Não desista. É um direito do seu filho;
  • Mesmo que em alguns exames de sangue, o resultado para alergia dê negativo, seu filho pode sim ter APLV.


















quinta-feira, 20 de agosto de 2015

O Segredo da Grande Mágica

Anos atrás eu pensava na ideia de ter um bebê como algo muito remoto. Não era uma prioridade na minha vida. Os anos foram passando, encontrei um companheiro para dividir a vida.

Vivemos algum tempo só nós e de repente começaram a pipocar as palavras CRIANÇAS, FILHOS, PAI, MÃE,

Foram pensamentos, conversas, discussões que fomos amadurecendo juntos. Não lembro de ter sofrido pressões externas cobrando a nossa virada de seres avulsos no mundo para seres geradores de netos. Pelo menos, nunca nos deixamos levar por esse tipo de cobrança.

Acredito que cada um de nós, enquanto indivíduos cheios de sonhos, vontades e desejos, temos o direito de optar por ter ou não na nossa lista de realizações a geração de um filho.
É algo tão importante, que não se tem apenas por pressões externas. Você não vai ter um filho apenas para poder agradar seus pais que vão então se tornar avós. Um bebê não vai salvar seu casamento (se este estiver bambo e vocês dois não quiserem o mesmo, provavelmente um filho tornará as coisas um pouco mais complexas). Ninguém tem um filho para se tornar aceito perante o restante da sociedade.

Você terá um filho para gerar mais AMOR.

E para fazer a flor do amor crescer de fato com toda a força que este sentimento exige, é preciso que você realmente queira ser MÃE, PAI, FAMÍLIA..

Um bebê vem ao mundo totalmente desprotegido. Chega tão pequeno, mas com tanta força. Exigindo tudo que o mundo tem a lhe oferecer. E o que seria esse tudo? TUDO que você mãe, possa dar a ele. No começo vai querer apenas você; Seu corpo para lhe carregar durante as 40 semanas, sua força para passar pelo parto, seja ele normal ou cesárea, sua paciência para aguentar tantos palpites, sua superação para suportar as dificuldades do começo da amamentação, sua super superação para se manter acordada.

Eu falei, basicamente da MÃE. Seja mãe com marido, solteira, sozinha... não temos como fugir, Nosso bebê precisará no começo mais de você, do seu corpo do que de qualquer outra pessoa no mundo. O PAI, é fundamental para a criança, mas  neste nascer do filho, ele verá também uma mulher se tornar mãe e ele vai ser o alicerce principal ao lado dela..

E todo esse caminho, da descoberta do querer um filho, da gestação, nascimentos, amamentação, desenvolvimento dos membros da família vão exigir de você muitas peripécias para atingir seus objetivos enquanto mãe. E é de todo esse processo e o vasto universo de possibilidades e caminhos que envolvem a maternidade/paternidade que quero falar nesse nosso espaço. Uma forma de compartilhar todas as magias que cada uma de nós traz e descobre no seu dia a dia e que provavelmente quando divididas com outras mães, poderão fazer verdadeiras MÁGICAS DE MÃE acontecer.